Tribuna da Bahia – Número de casos ativos da Covid-19 cai na Bahia com medidas restritivas

No dia 26 de fevereiro, exatamente um ano após a chegada do novo coronavírus ao Brasil, uma série de medidas para conter a circulação de pessoas e evitar aglomerações foi anunciada pelo governador da Bahia Rui Costa e por prefeitos da capital e interior. Entre elas, o fechamento do comércio não-essencial e o toque de recolher, em vigor das 18h às 5h e válido até a próxima segunda-feira (29). Quatro semanas depois do início das restrições para conter o avanço da covid-19 na Bahia, o saldo é considerado positivo, principalmente por conta da queda no número de casos ativos da doença. Uma semana depois do ‘lockdown’, a Bahia tinha 22.233 pessoas com o vírus em isolamento domiciliar ou hospitalar; atualmente, são 16.142 cidadãos nesta situação. “Hoje, podemos afirmar com convicção que passou o pior momento”, afirmou Bruno Reis, prefeito de Salvador. Ele destacou a baixa no número de pacientes que aguardam regulação para leitos de UTI para a covid-19; a capital acordou com 38 pessoas na fila. Ainda assim, se mantém realista: “Pode vir um pior momento pela frente? Ninguém pode dizer que sim ou que não. Afinal, estamos lidando com novas variantes, novas cepas”, justifica. Na cidade, são 3.454 casos ativos, de acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Melhora à vista

Para Fábio Vilas-Boas, chefe da pasta, as medidas de proteção à vida proporcionaram um avanço no cenário epidemiológico do estado. “Há oito ou nove dias de melhoras sucessivas nos números. Tínhamos 513 pessoas aguardando por um leito de UTI no Estado e agora estamos num número mais perto de 200. Espero que nos próximos dias e semanas a gente continue nessa progressão”. A expectativa é de que a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o número de óbitos diminua, mas essas melhoras levarão um pouco mais de tempo para serem vistas nos dados. “Uma aglomeração feita hoje não vai gerar no dia seguinte ocupação dos leitos de UTI ou óbitos. Essa demanda vai ser gerada durante as próximas semanas. O inverso também é verdadeiro: não cai o número de mortos ou de leitos em curto prazo. Vão caindo os casos ativos e a taxa de positivos. Derrubando os ativos, nós derrubamos a ocupação dos leitos de UTI”, explicou Rui Costa. A ocupação na Bahia se manteve em 86% durante os últimos dias, e o estado atualmente dispõe de 1.442 leitos, a maior quantidade desde o começo da pandemia. “Existe um alento de estarmos dando conta das pessoas que chegam pedindo por socorro”, admite Vilas-Boas.

“Atitude corajosa”

Embora protestos reprovando o fechamento do comércio não-essencial e exigindo o retorno das atividades continuem a acontecer em várias cidades do Brasil, mesmo com a arrasadora marca de 300 mil vidas perdidas para a covid-19 atingida nesta quarta-feira, o médico sanitarista Luis Eugênio Portela aprova as medidas restritivas implantadas nas cidades. Em entrevista para a rádio Metrópole, ele comentou sobre a necessidade de estender as medidas em nível nacional. “Nós precisaríamos, neste momento, de um efetivo lockdown, um isolamento radical, para as pessoas pararem de circular”. Porém, admite que uma medida deste porte exija uma contrapartida para a população: “Nós sabemos que num país onde grande parte da população busca no dia a dia a sua sobrevivência, seu alimento. Um lockdown só se viabiliza com um auxílio financeiro para que as pessoas possam se alimentar e ficar em casa”. Para Portela, as ‘autoridades federais’ tiveram participação ativa na disseminação do vírus. “Os governadores e prefeitos tiveram, desde o início, uma atitude muito corajosa, muito correta”, disse ao comentar sobre a tomada de responsabilidade por parte dos estados e municípios para conter a transmissão do coronavírus em seus territórios.

Retomada 

A possibilidade do retorno das atividades econômicas não-essenciais não é descartada, mas a situação ainda delicada na taxa de ocupação dos leitos de UTI pede cautela. “Eu consideraria um número de 80% (na ocupação de leitos) para a gente fazer um teste de retomada das atividades comerciais de nossa cidade, com horários escalonados, dias escalonados de funcionamento. Com estes números, não dá para reabrir o comércio”, afirmou Bruno Reis. Rui Costa aproveitou para lembrar a importância que as medidas de distanciamento social tiveram em outros países. “Ninguém gosta de restringir as atividades econômicas. Sabemos quantos prejuízos isso causa, não só para os donos das lojas, causa prejuízo para a atividade econômica, causa prejuízo pro emprego, pra arrecadação do Estado, a arrecadação do município… Mas, não temos outra opção. Mesmo em outros países de elevadíssimo desenvolvimento tecnológico e científico, ninguém conseguiu inventar nenhuma ação que pudesse conter a propagação do vírus”. Com o ritmo muito lento da vacinação do país, que não chegou a imunizar 10% da população, o governador defende as restrições como a melhor forma para conter a doença neste momento. “Não queríamos estar passando por isso, poderíamos não estar passando por isso. Mas as medidas restritivas dão resultado, em todo lugar do mundo”, afirmou.

Veja a queda no número de casos ativos no estado da Bahia:

05/03 (uma semana depois do lockdown): 22.233 casos

12/03 (duas semanas depois do lockdown): 21.051 casos

19/03 (três semanas depois do lockdown): 18.154 casos

24/03: 16.142 casos

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